O Sindicato dos Escritores de São Paulo realizou uma grande e bela homenagem ao poeta e lutador contra o racismo, Eduardo de Oliveira. O ato, convocado em conjunto com o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e o Congresso Nacional Afro Brasileiro (CNAB), lotou o auditório Vladimir Herzog, no centro da capital paulista. O anfitrião, José Augusto Camargo, o Guto, presidente do Sindicato dos Jornalistas, deu as boas-vindas aos presentes e disse que sua entidade se sente honrada de poder “participar de uma homenagem tão importante como esta”.
Nilson Araújo, presidente do Sindicato dos Escritores, abriu a solenidade lembrando que Eduardo de Oliveira era diretor do sindicato e que permaneceria como tal para sempre. Nilson destacou ainda que o professor Eduardo sabia como ninguém unir a sua poesia à luta mais geral por uma causa. “A causa da emancipação dos negros”. Em seguida foi exibido um vídeo onde o professor Eduardo aparece em vários momentos de sua vasta e riquíssima vida de lutas e realizações. O fundo musical do vídeo era o Hino à Negritude, composto por ele aos 16 anos de idade, e que hoje já está oficializado em todo o país.
Falou também no ato o presidente do CNAB, Ubiraci Dantas, o Bira, que lembrou vários momentos da vida e da luta conjunta com o professor Eduardo. “O professor foi o primeiro vereador negro da cidade de São Paulo. Na época ele escrevia seus poemas à mão, tirava xerox e saía pelas ruas distribuindo sua poesia para as pessoas”, disse Bira. A jornalista Ana Braia recitou o poema “Banzo” de Eduardo de Oliveira, escrito em 1965, em homenagem a Patrice Lumumba, herói da luta de libertação do Congo. O professor José Francisco, filho do professor Eduardo, contou muitas passagens da vida íntima do poeta e resgatou o papel de seu pai na sua formação, bem como na de toda a sua família. “Ele nos obrigava a ler clássicos da literatura e ouvir música de Bethoven, Bach, etc. Quando ele descuidava, nós fugíamos para jogar bola”, contou. Os jovens da plateia emocionaram os presentes ao lembrarem que Eduardo era o coordenar nacional da juventude aos 80 anos de idade. Eles entoaram palavras de ordem como “Eduardo, guerreiro do povo brasileiro!”.
Dezenas de entidades ligadas ao samba, ao carnaval, às entidades populares, às letras, aos sindicatos, centrais sindicais, entidade femininas e da juventude, estiveram presentes ao ato. Personalidades como Raquel Trindade e Audálio Dantas fizeram questão de participar dessa grande homenagem ao poeta. A vice-presidente da Sindicato dos Escritores, Rosani Abou Adal, também apresentou textos de Eduardo de Oliveira.
O jornalista Carlos Lopes, redator-chefe do jornal a Hora do Povo, fez um belo discurso sobre a vida e a obra de Eduardo de Oliveira. Lopes lembrou, entre outras coisas, que Tristão de Athayde afirmou certa vez, em uma de suas críticas, que o professor Eduardo de Oliveira está entre os maiores escritores negros do mundo. A solenidade foi encerrada com a execução, pelos artistas da Comunidade de Paraisópolis, do belíssimo Hino à Negritude, que emocionou a todos.
Vídeo 1: https://youtu.be/R4L5BTLX9JE
Hino à Negritude:
https://www.youtube.com/watch?v=VZxj-rMW1rw