Por Merli Diniz
Há tempos atrás, demiti São Jorge pela segunda vez. Verbas rescisórias pagas devidamente, o bendito santo ficou com cara de quem comeu e não gostou, mas não teve alternativa. Tive a impressão de que reconheceu que não estava prestando um bom serviço à Nação corintiana.
Entretanto, como é um santo desaforado e abusado, – e não poderia ser diferente-, pois é o protetor do Sport Club Corinthians Paulista e do bando de loucos, o atrevido me chamou a atenção pelo fato de que , em minha crônica anterior- “Ser corintiano é um exercício de esperança ”-,ter deixado de citar o nome de alguns mosqueteiros, que deveria me redimir pela omissão, pois nosso time está passando por dificuldades nos campeonatos em que disputa atualmente e se não o fizesse, ele sumiria por uns tempos, concluindo que, como não teria nada mais o que fazer, iria comprovar a veracidade de notícias recentes, segundo artigo de Mario Eugênio Saturnino-, O Planeta Nove,- de que “há a possibilidade de existir no Sistema Solar um planeta grande e não descoberto ainda”,-a enfeitar os céus do Basil. Como sei que seria capaz de tal coisa, tive que aquiescer com a promessa de que o faria brevemente, ainda mais, depois de ter assistido aos últimos jogos da Copa Sul-Americana e do Campeonato Brasileiro e meu amigo Bittar se pronunciar que era temerária minha decisão, porque ruim com ele, pior sem ele.
Passados uns dias e depois de várias tratativas, contemporizei, reavaliei a situação, fingi deixei passar e o readmiti novamente como nosso santo protetor, com a advertência de que teria que ter mais cuidado com suas posições e lhe dei outra vez o encargo de cuidar do Corinthians e da sua fiel torcida, com a benção especial ao nosso sensacional goleiro Cássio, que se não fora ele a coisa estaria pior.
Parafraseando Odorico Paraguaçu, vamos aos finalmentes, que tudo isso me deixa bastante entristecida, com o coração afogado na deceptude e no desgosto, -e por essas razões e outras tantas, obedecendo a mandamento de santo tão descomedido, não titubeei e eis-me aqui a cumprir o pacto feito, – a fim de não perdermos sua divina proteção, porque não sou gato e sei do que ele é capaz e como não poderia deixar de ser, dei-lhe razão por tão grande falha desta vate da Fiel.
Entretanto, data vênia, São Jorge, sinto comunicar-lhe que apesar de querer grafar todos os nomes dos meus pares alvinegros, isso se torna impossível pelo universo imenso deles, visto que, cada um teria variadas e diferentes razões a apontar por sua paixão pelo Timão. Em contraponto, homenageio todos em nome do dr. Antônio Merlini, que indagado porque era corintiano, respondeu: corintiano é um ser que não recebe influências externas de assim o ser. Já se nasce corintiano. Nasci no meio de um “bando de loucos,” de uma esperança, por mais tênue que seja e do Miguel Henrique meu sobrinho, na sua singeleza dos nove anos: porque foi o primeiro time que conheci e passei a amar.”
Desta forma, venerável patrono, considero o acordo cumprido, com aviso prévio de que não aceito mais suas provocações.
Pazes seladas, fica a certeza de que Jorge da Capadócia, Ogum ou Jorge de Lida, velam por nós, estando no Brasil ou em qualquer outro recanto do mundo.
Amém!
Salve São Jorge!
E vai Corinthians!
Merli Diniz